Inspirada por um belíssimo texto que li hoje do meu amigo Xamã
Ká Ribas, eu comecei a refletir sobre a conexão entre o xamanismo e o sagrado
feminino. Tudo que existe está interconectado. Basta observarmos.
A sabedoria indígena é milenar. São práticas existentes
muito antes de nomearmos como xamanismo ou de nomearmos o sagrado feminino.
Todos os povos indígenas, aborígenes, seja de qual tradição for, sempre tiveram
em suas tribos a forte presença da energia e da prática do sagrado feminino.
Começando pela conexão com Pachamama, a Mãe que gesta, que nos ensina, que nos acolhe, que
é firme quando necessário e se precisar “passa a espada”.
Quando você estiver na natureza eu sugiro que pare tudo que
estiver fazendo e observe esse mundo. Os animais, as formigas, as borboletas,
as plantas, os pássaros. Fonte de inspiração de diversas práticas orientais e
ocidentais. Fonte de aprendizado infinito. Pachamama é uma fonte infinita de
lições maravilhosas como, por exemplo, vida em comunidade, organização,
fluidez, respeito ao ciclo natural da vida.
Outro ponto essencial da energia do feminino era a reunião
das mulheres, em suas tendas. Ali elas entregavam seu fluido sagrado à Pachamama.
E sempre havia uma anciã, que nesses dias ia transmitindo seus ensinamentos a
essas mulheres. Elas aprendiam a usar a medicina vinda da natureza. Elas
compartilhavam suas histórias, suas experiências, suas vivencias, seus sonhos.
Uma falava, as outras ouviam com total presença, acolhimento e respeito. Elas
exercitavam a magia das ervas, a escuta da intuição. Elas vivenciavam o que hoje chamamos de SORORIDADE.
Imagem tirada da fanpage de Laura Wilson
As tribos usavam dos sons nos rituais de cura, nos rituais
de celebração, nos ritos de passagem. Chocalhos e especialmente o tambor. O
som da batida do coração. Seus cantos de cura, cantos de alegria, cantos de
homenagem e honra aos que foram, cantos de tristeza, cantos de celebração. E
tudo isso sempre em círculo, representação da unidade, onde não há ninguém maior
ou menor. Onde todos são Um.
Atualmente, as rodas de mulheres estão crescendo ao redor de
todo o mundo. É um movimento crescente. E toda essa sabedoria está sendo
resgatada nesses círculos. Sabedoria que nos leva ao nosso lugar mais precioso:
a caverna de dentro do nosso coração. Lugar que eu só posso penetrar sozinha,
com meus próprios passos. É o lugar que nos leva de volta pra casa. Aonde nos
reconectamos com toda essa sabedoria que existe em nosso DNA. Reaprendendo a
sentir e a ouvir a intuição.
Acredito muito que esse é o caminho da cura da humanidade: o
resgate do sagrado feminino, que esse povo ancestral tão lindamente cultivava,
vivia e ensinava.
Sinto esperança que todas as pessoas se deem a oportunidade
desse despertar.
Aho Mitakuye Oyasin – Somos todos Um/Somos todos parentes